28 de jun. de 2014
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19 de jun. de 2014
Era um dia comum e chato como todos os outros. Era um dia em que eu estava até um pouco mais triste que os outros, mais brava, mais sem paciência com o mundo. Invento de sair do colégio mais cedo, a aula de biologia daquele professor me dava vontade de morrer. Assim que saio da porta do colégio vejo um lindo cachorro abandonado então resolvo falar com ele apenas um "Oi bebê", mas não bastava estar abandonado, o pobrezinho também estava carente, começou a abanar o rabo e a me seguir. Levei uns bons cinco minutos para fazer com que ele não fosse atrás de mim, pois ele poderia morrer atropelado.
Ótimo, acabei de deixar um cachorro abandonado mais triste, parto mais rápido que tudo para o meu ponto de ônibus. Enquanto caminho tento entender todas as minhas escolhas que me fizeram chegar justamente onde eu estou. O caminho para o ponto de ônibus é sempre tumultuado, pessoas andam pelas ruas como zumbis, faltam-lhes amor, felicidade, compaixão, paciência e eu nunca sei o que eu estou fazendo no meio disso tudo, chego no ponto e um ônibus acaba de sair, - ótimo novamente, vou ficar esperando em pé por uns quinze minutos ou mais -. Vou para a fila que, surpreendentemente, está quase vazia.
— Ei, você sabe se esse ônibus passa no viaduto? - um garoto na minha frente me pergunta. Após eu não ter respondido por estar distraída, ele pergunta novamente.
— Ow menina, você sabe se esse ônibus passa no viaduto?
— Passa sim. - respondo desinteressada.
— É que eu não sou daqui e estou com medo de pegar esse ônibus. - ele retruca.
— Olha, te falaram para você pegar esse ônibus? Sinceramente acho que esse passa sim onde você quer. - respondo ainda desinteressada.
— Sim, me falaram. Mas é que eu sou de Brasília e nunca peguei ônibus aqui. Geralmente pego no shopping. - ele fala.
— Vai na fé, cara. Vai na fé que você chega em casa. Mas qualquer coisa pergunta para o motorista ou o fiscal ali. - respondo sorrindo.
Ele sai e eu continuo a pensar em como o cachorro deve ter ficado triste por eu tê-lo enxotado. Enquanto isso ele voltou para a fila e ficou quieto e eu me mantive absorta em meus pensamentos.
— Esse colégio é bom? - ele aponta para o logotipo da minha blusa escolar e sorri.
— É bom sim. - respondo sem convicção.
— Pois é, vi um outdoor falando de uma menina que passou em medicina que estudava lá. Eu também passei em medicina na UFRJ.
— Poxa que legal, parabéns. - respondo, agora com animação e penso "acabo de conhecer um estudante de medicina".
— Você também vai conseguir passar em medicina. - ele afirma mesmo sem saber que medicina é realmente o que eu quero fazer.
Enquanto isso o ônibus chega e a fila começa a andar.
— Deus te ouça. - respondo sorridente para ele.
Ele entra no ônibus e senta num banco sozinho e eu, animada por ele ter passado em medicina, penso em sentar perto só para saber mais sobre como ele conseguiu fazer essa proeza, enquanto isso ele me vê procurando um lugar e diz:
— Senta aqui comigo.
— Ok. - respondo animada.
Depois disso desembestamos a falar sobre medicina, ele veio de Brasília porque passou num concurso para fuzileiro naval e eu estudante do terceiro ano que saiu de sua cidade pequena para estudar num colégio melhor. Ele diz que sempre foi um estudante mediano e eu digo que sempre fui esforçada. Ele com um sorriso bobo e eu com o coração batendo mais forte, bem mais forte. "O que há comigo?" começo a me perguntar. Passo a sorrir também e a perceber que estou conversando com um estranho como se o conhecesse há muitos e muitos anos.
— Tem facebook? - ele pergunta.
— Sim, tenho sim. - respondo rápido demais, droga, esqueci que desativei essa semana. - Desculpa, eu desativei.
— Também penso em desativar o meu. Mas você tem whatsapp?
Nesse momento dou graças aos céus pela tecnologia ter evoluído e eu ter acompanhado esse fenômeno.
— Tenho sim. - respondo e ele me passa o número dele.
— Qual é o seu nome mesmo? - pergunto tímida por estar conversando tanto com alguém que nem sei o nome.
— Júlio César, mas pode escrever do jeito que você quiser.
Júlio César, então é esse o nome do garoto que falou comigo do nada numa fila do ônibus, que diz que passou em medicina e me deu o número do celular para conversarmos.
— Ok Júlio, te mandei uma mensagem, é só gravar no seu celular o meu número agora.
— Ok, foi muito bom te conhecer, mas eu preciso ir. Até mais.
— Tudo bem, amei te conhecer, sucesso na vida. - respondo chateada e com o coração estraçalhado.
E foi assim que um amor entrou na minha vida, um amor diferente de todos os outros, um amor que fez o meu coração bater mais forte, minhas pernas tremerem e minha boca sorrir feito uma criança que acabou de ganhar um presente. Um amor que me fez esquecer todo o meu passado de desamores, que curou todas as minhas cicatrizes e renovou meu coração, o deixou pronto para novos amores e até mesmo novas decepções. Um amor tão bom e verdadeiro que se tornou infinito naquela meia hora.
13 de jun. de 2014
E aqui estou eu, aos 48 anos, num bar decadente de uma cidade decadente, escutando uma música decadente e tendo também uma vida decadente. Toda sexta-feira o povinho do escritório se encontra nesse bar de quinta categoria e eu, como uma ótima amiga de trabalho, os acompanho. Mas algo insiste em perturbar essa minha mente que já se acostumou a essa vida de mesmice há algum tempo.
Todos estão rindo e bebendo e eu estou tentando entender onde foi que eu errei durante toda a caminhada da minha vida. Riem, mas riem de que?! Isso até me faz lembrar de uma música tão antiga, mas tão atemporal "rir é bom, mas rir de tudo é desespero.". Todas as pessoas desse bar riem por desespero, acredito eu. Desespero por saber que é essa a vida que elas vão levar para sempre e eu? O que eu estou fazendo aqui?!
Olho para o barman, ele está usando uma blusa xadrez e parece insatisfeito com a rotina, seus olhos não brilham e sua boca parece não ver um sorriso sincero há um bom tempo. Olho para as pessoas ao meu redor e a mesma expressão do barman é a de todo o restante. Tento levantar da cadeira após fazer essa percepção mental, mas se sair dali aonde irei?! Não tenho um namorado ou marido, não tenho um filho, meus pais se afastaram há algum tempo depois que perceberam que eu não sou capaz nem de amar a mim mesma, mas tenho a minha solidão, minha única companheira nas noites frias e decadentes como essa.
Antes de pensar, meu corpo passa a se mover involuntariamente para a porta de saída do bar, dou um tchau para os risonhos desesperados e parto rumo a lugar nenhum. Eu poderia ir para casa, mas minha casa não é um lar, sinto as paredes frias, os móveis mudos, como se eu fosse uma estranha no meu próprio habitat.
Enquanto caminho pelas ruas dessa cidade que retorno a dizer, é decadente, passo a me lembrar de coisas que eu gostaria de esquecer, mas gostaria de esquecer não porque foram ruins, mas sim porque foram boas demais.
Eu tinha 15 anos e pensava que a vida era um mar calmo, mas como é que dizem?! "Mar calmo não faz bom marinheiro." Eu era diferente do que sou hoje, totalmente diferente e não digo só de aparência. Tomava como mantra a música do Barão Vermelho "amor para recomeçar". Eu acreditava piamente em todas as coisas boas que a vida iria me proporcionar, porque não havia motivos para ela não fazer isso. Pois fez. Não sei se foi culpa da vida, se foi culpa minha ou da minha insistente mania em ter esperanças. A vida me deu uma rasteira e eu nunca mais me recuperei. Dos meus planos, só sobraram fracassos. Das minhas vontades, só sobraram deveres. Não houve amor que pudesse me reerguer. Não houve esperança que pudesse me encorajar. E o meu mantra nunca mais foi tocado no meu discman, rádio, celular.
Nunca tive a quem amar e se tive não dei valor e hoje, aos 48 anos, não sei nem quem eu sou. Talvez um aglomerado de falhas e medos. E por um momento volto a realidade e percebo onde estou, caminhei tão longe com os pensamentos que só agora me dei conta que cheguei na ponte da entrada dessa cidade, (que é decadente), não me mudei para cá há muito tempo, mas sei de vários relatos que essa ponte foi point dos suicidas por várias e várias décadas.
Um pensamento rápido e novamente meu corpo se move involuntariamente, estou sentada na beirada da ponte, escutando o barulho do rio que passa logo embaixo. Até posso entender o motivos de tantos terem se matado aqui, é uma ótima música para fechar as cortinas da existência. Doce e calmo som, parece até que seduz para o fundo do rio.
Se eu me jogar alguém vai sentir a minha falta? Talvez o pessoal do trabalho ficará chocado: "Mas como assim ela se matou? Parecia sempre bem." Eu realmente não entendo o significado de "bem" para eles. Estar bem eu nunca estive, mas me mantive em pé todo esse tempo.
Penso nos meus pertences que estão em casa. Se eu me jogar quem irá mexer naquelas coisas velhas e sem valor? O que farão com tudo aquilo? Na certa dariam para alguma instituição de caridade. Aposto que eles fariam melhor proveito do que eu fiz em todo esse tempo. Minha casa é de aluguel e coitado do Manuel, o proprietário, ficaria sem pagamento esse mês.
Nem quero pensar nos meus pais, provavelmente não saberão da minha morte, nem eu mesma sei onde eles estão, se estão bem, se estão vivos. Se foram fazer aquelas férias que planejavam desde minha adolescência. Mas se eles soubessem, certamente não se importariam.
Pensamentos e mais pensamentos, cansei de tudo isso. Cansei de pensar em todos os passos que dou, porque mesmo com todo o cuidado, as coisas sempre dão errado. É, está na hora de ser inconsequente uma única vez na vida. Mas se for para ser inconsequente, que seja por algo justo. Pego o celular, mando uma sms coletiva para todos os meus contatos com a seguinte frase: "Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado ainda tenha amor para recomeçar.". Jogo o celular no rio e me jogo em seguida.
Mudo.
Calmo.
A morte veio como uma melodia para mim e foi a mais bonita que eu escutei.
6 de jun. de 2014
Marcadores:aviso
Às vezes me pergunto o que há de errado comigo. Às vezes, mas só às vezes eu me olho no espelho e tento ver alguém que deveria ter o potencial para ser amado. Óh, não quero ser dramática. Não quero ser melancólica e nem quero que esses dizeres sejam confundidos com dizeres de uma menina de treze anos, nada contra, claro. Mas tenho propensão a não dar certo com as pessoas. Tenho propensão a ser substituída, esquecida e deixada para trás. Logo eu, que sempre sou a companheira nos momentos mais difíceis e nos de alegria extremada. Logo eu que quebro as pernas para ajudar quem quer que seja. Logo eu que sempre me machuco para não machucar os outros. Logo eu...
Você está nessa rejeitada, caçando paixão.
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1 de jun. de 2014
"Diga adeus, diga adeus" E com essa palavras fui embora, porque por mais que a vida seja escrita com vírgulas, uma hora o parágrafo fica extenso demais e é necessário o ponto final. Por mais que seja duro, virar a página do livro não vai mais adiantar, será necessário trocar de livro. Por mais que o coração doa, parta, estraçalhe. Não perca seu tempo, não perca sua felicidade, não deixe que o apego te faça ficar quando na verdade você deveria ir. Porque se te dá desconforto ao invés de calmaria, não é amor.
"Se está com ele está sozinha e sozinha não quer mais ficar. Se está com ele é porque quer, porque não quer mudar."
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Iludidos são aqueles que pensam que o amor nunca acaba. Se fosse assim, não existiriam corações partidos e sofrimento. O amor verdadeiro também acaba, se transforma, às vezes em ódio, insignificância ou como o meu, em palavras.
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