Ela é incrivelmente idiota. Estupendamente fria. Irrevogavelmente fraca. Inigualavelmente estranha. Incomparavelmente sem graça. Terrivelmente sozinha. Excepcionalmente ela. [...] Ela é o conjunto de todas as coisas erradas e ruins. É o tipo de menina que anda de cabeça baixa e com um sorriso tão falso, que até engana quem está ao seu redor. Ela tem um olhar distante e melancólico. Triste e ao mesmo tempo vazio. Ela consegue ser o extremo de duas coisas, consegue ser os dois lados de uma mesma moeda. Isenta de sentimentos, ela transborda dor dentro de si. Dores físicas, dores emocionais. Quem ela é? Ela se pergunta todo santo dia. Para onde ela vai com toda essa pressa do futuro? Ela não quer ter futuro, ela quer parar ali. A vida para ela não faz sentido. A vida é uma maravilha que ela não paga para presenciar. Dizem "Dê um sorriso, olhe como a vida é bela." Ela discorda. Não há sentido na existência dessa pequena menininha que nem ao menos saiu das barras da saia de sua mãe. Depressão precoce? Coitada, ela nem sabe o que é viver ainda. Ela não sabe, mas tem medo. Ela não sabe e também não quer saber. [...] Problemática. Errante. Desamada. Incorrigível. Ela é indomável, mas foi domada pelo seu eu interior. Ela se afogou no seu mar de lágrimas antes de dormir. Ela se matou com suas próprias palavras. Ela se destruiu com seus desamores. Ela perdoa os outros, mas não se perdoa. Não perdoa por ser tão ingênua e meiga. Por acreditar na humanidade, confiar e amar. [...] Às vezes sinto uma pena dessa menina tão inconsolável, mas ela merece tudo o que passa. Merece ser largada por todos, ser deixada de lado. Merece porque essa menininha que anda segurando nas suas mãos o seu coração partido, nunca será boa o suficiente para esse mundo, para as pessoas. E ela ainda pensa que um dia ainda será amada. Repito, coitada, ela não sabe o que a espera. [...] Ela tinha tudo para ser feliz, mas ela não é. Não porque não quer, mas sim porque algo dentro dela grita por socorro. Ela não pertence a ela mesma. Como se a alma dela não fosse do seu corpo. Como se ela fizesse parte de outro mundo. Mas sei que um dia ela escapa e deixarás de ser apenas uma morta viva nesse mundo de loucos, desvairados.